Por algum tempo hesitei escrever as
memórias deste ano, de 1924, pois viajei novamente à Europa onde lancei o
Movimento Pau-Brasil. Pensei em fazer uma poesia de exportação - como o
Pau-Brasil foi a primeira riqueza a ser exportada - por isso batizei o
Movimento com este nome. O construí com base na visão crítica do nosso
passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e
contrastes da realidade e da cultura brasileira como fiz neste poema:
As Meninas da Gare
Eram três ou quatro
moças bem
[moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos
pelas espáduas
E suas vergonhas tão
altas e tão saradinhas
Que de nós as muito
bem olhamos
Não tínhamos nenhuma
vergonha.
Os versos que compõem este poema os extraí da Carta, de Pero Vaz de Caminha,
documento que anuncia o descobrimento do Brasil. Contudo, quando introduzi o
título “As meninas da gare” (gare: estação
de trem), consegui deslocar o sentido original do texto, conferindo-lhe
atualidade e visão crítica. Antes eram índias, nuas, em estado de inocência
original; hoje são prostitutas que fazem ponto na estação de trem.
Contudo, para este Movimento tive como ideias:
● O
carnaval no Rio o acontecimento religioso da raça.
● A
língua sem arcaísmos, sem erudição... Natural e neológica(a contribuição milionária de
todos os erros; Como falamos, Como somos).
●
Contra a cópia, pela imaginação e pela surpresa.
● No
jornal anda todo o presente.
Enfim, neste mesmo
ano publiquei “Memórias Sentimentais de João Miramar”, com capa de Tarsila do
Amaral e fiz uma leitura do ”Serafim Ponte Grande“ na casa de meu
amigo Paulo Prado para uma plateia de jovens modernistas. E finalmente hoje, 20
de novembro, estou de viagem para à Espanha (Medina e Salamanca), de passagem
para Suíça em busca de novas ideias.
O blog de vocês está com a configuração perfeita.Divulguem para os seus amigos.
ResponderExcluirParabéns!