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terça-feira, 22 de maio de 2012

20 de novembro de 1924



    Por algum tempo hesitei escrever as memórias deste ano, de 1924, pois viajei novamente à Europa onde lancei o Movimento Pau-Brasil. Pensei em fazer uma poesia de exportação - como o Pau-Brasil foi a primeira riqueza a ser exportada - por isso batizei o Movimento com este nome. O construí com base na visão crítica do nosso passado histórico e cultural e na aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileira como fiz neste poema:

As Meninas da Gare

Eram três ou quatro moças bem
[moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olhamos
Não tínhamos nenhuma vergonha.

    Os versos que compõem este poema os extraí da Carta, de Pero Vaz de Caminha, documento que anuncia o descobrimento do Brasil. Contudo, quando introduzi o título “As meninas da gare” (gare: estação de trem), consegui deslocar o sentido original do texto, conferindo-lhe atualidade e visão crítica. Antes eram índias, nuas, em estado de inocência original; hoje são prostitutas que fazem ponto na estação de trem.

Contudo, para este Movimento tive como ideias: 

● O carnaval no Rio o acontecimento religioso da raça.
● A língua sem arcaísmos, sem erudição... Natural e neológica(a contribuição milionária de todos os erros; Como falamos, Como somos).
● Contra a cópia, pela imaginação e pela surpresa.
● No jornal anda todo o presente.

  Enfim, neste mesmo ano publiquei “Memórias Sentimentais de João Miramar”, com capa de Tarsila do Amaral e fiz uma leitura do ”Serafim Ponte Grande“ na casa de meu amigo Paulo Prado para uma plateia de jovens modernistas. E finalmente hoje, 20 de novembro, estou de viagem para à Espanha (Medina e Salamanca), de passagem para Suíça em busca de novas ideias. 

Um comentário:

  1. O blog de vocês está com a configuração perfeita.Divulguem para os seus amigos.
    Parabéns!

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